quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Lua Nova, 2002.


A porta bateu, o muro cedeu, e pelo barulho, com muita raiva, assim como eu. O ponteiro do relógio mal começou a girar e a maquiagem já estava toda borrada de tanto chorar, jogada no chão, senti pena de mim, me arrastei e segurei na maçaneta da porta pela qual você partiu, partiu meu coração, partiu nosso amor, me partiu.

Eu quis morrer, na verdade eu já estava morta e não sabia, porque minha vida sem você era de um vazio imenso, um buraco sombrio no meio da minha alma. Era exagero meu, meu drama, minha ilusão.

Olhei no espelho e não me achava bonita e não me achava. Eu só me perguntava o porquê de tanta dor. Parecia que eu não existia antes do nosso amor. Acho que nem na sua morte física eu sofreria tanto.

Pensei em te ligar, desisti, pensei em mandar um torpedo, desisti, pensei em acabar com tudo e quase desisti de mim mesma, mas me levantei e mesmo de má vontade juntei meus cabelos num desengonçado rabo-de-cavalo e me arrastei até o banheiro, joguei água na cara, joguei mais, quase me afoguei e ri quando pensei nisso, já era alguma coisa rir de mim mesma naquele estado.
Devia ter comido algo, mas eu não sentia nada, só a sua falta me alimentava e me consumia e como doía.
Bati no peito com força, queria expulsar você daqui, mas a tua falta é quase insuportável.

O que eu sinto me transformou completamente e para sempre e agora mesmo que eu queira, mesmo que parecendo inteira, nunca mais serei a mesma.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

FIM

O dia 21 de dezembro está chegando e com ele a sombra de que o fim está batendo a porta causa profunda euforia e inquietação, lógico que isso somente para os crédulos em profecia, eu já perdi esse medo há muito tempo desde que NOSTRADAMUS e MÃE DINÁH começaram a errar, desde de que o BUG DO MILÊNIO não passou de um inofensivo desespero, e por aí vão as infinidades de profecias que não servem para nada além de desesperar "pobres homens".
Agora  a nova onda é a lenda Maia que ganhou ainda mais força com o "surto" das redes sociais e um filme. De acordo com os Maias que diga-se de passagem tinham uma cultura  em observar o tempo muito abrangente para sua época, estamos apenas fechando um círculo. Em nosso calendário, que apesar de muito parecido com o deles que vêem o tempo como um ciclo, nós o vemos de forma linear. O que realmente é importante nesse caso é a interpretação do fim. Eu mesmo já vivi e sobrevivi a muitos e muitos fins nessa vida e já presenciei o fim do mundo pra muito gente, mas eu continuo aqui contando histórias sobre o ocorrido.

É notório que os tempos mudaram e não acredito que essa mudança seja única e exclusivamente responsabilidade da tecnologia que apesar de desenvolver papel fundamental na comunicação que gera a mudança, não teria a mesma intensidade frente a forma como o  homem absorve valores simples de democracia, amor, honestidade e caráter. Isso sim me assusta, é do fim do amor que eu tenho medo e esse fim que eu vejo se aproximar a cada vez que ligo a TV e vejo pai jogando filha da janela, marido atirando em esposa, Homem atirar lampâda na cara de uma pessoa por ela ser gay, drogas cada vez mais pesadas destruindo vidas e familias inteiras, desigualdade social, culto ao consumismo, Meu Deus!!! Poderia continuar aqui enumerando diversas coisas que eu acho irão contribuir para o fim deste tempo. Definitivamente não somos mais os mesmos, foi tão rápido, ainda ontem nos éramos um tanto inocentes diante dessa catástrofe que estamos vivendo. Já passou da hora de fecharmos esse ciclo. A terceira guerra mundial já começou, apesar de poucos enxergarem dessa forma exagerada como eu. Nada de países um contra os outros, entretanto ainda tem muito disso, o que é lamentável, nossa guerra atual é contra nós mesmos, é contra o individualismo, nosso maior inimigo. Sim, vai acabar e vai continuar, só que de um jeito diferente, eu espero, o que é bom e ruim também. Vamos continuar com a incerteza do amanhã e é essa a engrenagem que faz a gente continuar.
Feliz 2013, porque tenho muita esperança que a gente se veja por lá. Que seja um tempo de limpeza da alma e do coração, que seja um ano não só de prosperidade, mas também de muita solidariedade.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Equinócio

O autor deste texto é um grande amigo, Ruan Felix Schneider, em resposta ao texto de minha autoria chamado Solstício.



 
É primavera.
As flores começaram a exalar seu perfume dentro de mim.
A neve do inverno de outrora começou a derreter-se. Estava por vir uma avalanche de emoções repreendidas. De choros e de risos.
Borboletas voltaram a encher o jardim de alegria e de cores. O medo está se dissipando aos poucos, assim como a neve.
Eu que não sou ninguém para julgar o coração alheio, que antes já fui ferido, deixado, que já implorei, chorei, hoje me vejo imóvel diante da energia que move a paixão. Novamente vivendo uma singularidade.
Mesmo que teimosos, achando que temos conhecimento sobre a paixão. É nessa inexperiência, nesse território desconhecido e tampouco explorado que vive a maior das aventuras. Sem que nos deixe ao relento, irá nos levar ao amor duplicado, à paixão, à loucura, a felicidade extrema, ao êxtase. E dentro de nós sempre perdurarão cunhos desses sentimentos.
 O inverno gelado e sombrio, repleto de racionalidade está cedendo lugar a uma nova estação. O desabrochar não é proveniente apenas das flores, mas também de novos e bons sentimentos. Porém, foi necessário passar pelo rigor e solidão deste imenso vale gélido para que pudesse reconhecer novamente o aroma das flores.
As sombras se dissipam, a neve se derrete, o frio se vai. Recobro a sensação do que é sentir.

Autor: Ruan Felix Schneider


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Sem tempo pra ser triste

Vira e mexe eu vivo postando sobre as angústias, inseguranças, medos e culpas que todos nós seres humanos teimamos em carregar e sei e aceito que está imersa na personalidade do poeta e escritor, a tristeza, e é o que dá o toque pessoal e sensível nas palavras, porém isto não significa que alguém não possa escrever sobre melancolia mesmo sem estar no fundo do poço. Mas confesso que posso contar nos dedos os textos que eu escrevi no auge e êxtase de felicidade, na verdade é falta de tempo, pois quando estamos envolvidos com a alegria perdemos totalmente a concentração e mergulhamos na euforia, se estamos entediados a facilidade em refletir atinge seu nível máximo.


Lembro de uma viagem que fiz pra Dubai com uma amiga em 2009, os primeiros dias nos dedicamos a tirar fotos pela cidade, em cada esquina, cada prédio, cada detalhe que me fez arquivar 5 CD's lotados de fotos e chegar ao ponto de ficar traumatizado em perder tempo querendo recordações ao invés de vivê-las intensamente, uma semana depois a máquina nem nos acompanhava mais nos passeios e deixamos de fotografar lugares incríveis que eu nem posso mais descrevê-los, o que me conforta é saber que as fotos jamais poderiam também descrever a sensação de curtir um lugar e momentos tão magníficos. Em resumo eu descobri que é muito mais fácil esculpir  a dor que a alegria e não há mal nenhum nisso. O exemplo inverso fica no término de um relacionamento quase 1 ano e meio antes da viagem em que dediquei trinta dias exatos descrevendo todo o meu drama, desenhei cada lágrima no papel, cada sentimento que me sufocava foi desmanchado nas folhas daquela agenda de papel reciclado que comprei quando ainda namorávamos..."ô vida, ô céus"... Em ambos os momentos o que fica é a liberdade de expressar nossos sentimentos da melhor maneira que pudermos. Escreva, cante, fotografe, pinte, ou apenas fique em silêncio, mas nunca deixe de manisfestar-se diante da vida e nem finja, não tem graça ser um personagem que não cabe na sua história, quando o que  temos nas mãos são infinitas possibilidades de ser, viver e se expressar.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Solstício

É inverno.
Aqui dentro de mim parece que a neve começou a cair.
Quanto tempo que nada me emociona. Nem os problemas, nem as alegrias fazem meu coração palpitar.
As borboletas fugiram de dentro de mim. Não sei quando e nem o porquê, mas confesso que o mesmo medo que as afastou de mim deseja que elas, as borboletas, possam voltar.
Sei que não sou nada pra julgar o coração alheio que se desmancha, que não se reinventa com facilidade, não sou ninguém para desenhar os sentimentos que percorrem na alma de quem está apaixonado. Mas saiba que eu já fui ferido, que já fui deixado, já implorei, já chorei, um dia, também me vi imóvel diante da energia que move a paixão. Eu que já fui cego, inseguro, imaturo, inconsequente e tudo mais me sinto com direito de dar palpite na relação dos outros, porém meus dramas e romances foram tão singulares que nada poderiam ajudar. Aquela velha filosofia de que o que serve pra mim, efeito nenhum terá sobre o outro, teimosos que somos insistimos em achar que já possuímos algum conhecimento sobre a paixão. É fácil julgar uma tela que não foi pintada por nós, difícil encontrar a real essência e profundidade da arte de apaixonar-se por pintar.
Eu aqui cheio de frases de efeito e racionalidade pra falar de um assunto que exige nada mais, nada menos do que a entrega. É muito difícil alguém que se ama muito, amar outra pessoa, pois o amor exige uma doação que quem tem um grau elevado de amor-próprio não consegue oferecer, o complicado é encontrar um limite entre doar-se e esquecer-se, pode a paixão nos levar a loucura, ao ódio, a magoa, a felicidade extrema, ao êxtase, mas nunca nos deixará ao nada. Ela jamais passará sem deixar uma história intensa e fugaz dentro de nós. Suspeito apenas estar adormecido diante do caos que é a paixão, mas já morei debaixo dos escombros da primavera. 
Nada podemos fazer e se pudéssemos também nada faríamos, porque somos uma correnteza e existem coisas que estão além de nossa experiência e sabedoria. Não há reza, nem tempo preciso, não há receita, o que há é a esperança de que no inevitável fim possamos sair ilesos suficientemente para estarmos prontos para outra estação. Entre o Inverno e a Paixão, um quê de solidão pra me curar desse frio, desse ar sombrio que é não sentir.

leia a resposta a este texto >>>> Equinócio

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Última Partida

Foi embora e eu não chorei dessa vez.
Simplesmente eu deixei que você derrubasse as grades da nossa prisão domiciliar.
Fechei os olhos por um instante, exatamente naquele momento em que você cruzou a linha de limite entre a minha visão e o meu esquecimento, entre a minha alma e a minha dor, entre a chegada e a última partida.
Sempre soube que você partiria um dia, desde de o primeiro momento, confesso quase planejei isso, mesmo sem os detalhes eu já conseguia desenhar quase tudo; todas as promessas, as desculpas, as lembranças, o choro sufocante e o abraço apertado, até o último beijo. Quantas vezes você já se foi e tantas outras já voltou, mas eu sinto dentro de mim que dessa vez é mais profundo, estamos cansados, eu admito. Não existi mais motivos para continuar por um caminho sem estradas, dando cabeçadas em árvores de conformismo numa escura floresta que se tornou nossa relação onde nem sequer conseguimos enxergar um ao outro.

Menino

Naquela época eu era apenas um menino, que corria pelo campo com as mãos sujas de areia, que rolava na grama as gargalhadas, era apenas um menino. Naquele tempo não havia tanto barulho e eu podia escutar o sino da igrejinha todo dia às 18Hs  lá em cima do morro e corria em desespero para pedir a benção a minha mãe, Deus me livre de não chegar a tempo. Eu vivia num mundo cheio de aventuras e desbrava a natureza do meu quintal com a coragem de um historiador, vivi tantos personagens e confesso que tive medos absurdos. Eu tomava banho de chuva e pulava no rio mesmo sem minha mãe deixar e arrumava minhas coisas numa sacola de plástico e jurava que dessa vez eu ia embora pra sempre, mas nunca passei da porta. Eu jurava que aos 13 anos de idade já tinha capacidade suficiente pra cuidar de mim, que eu era dono do meu próprio nariz e que não precisava de ninguém nesse mundinho... Eu estava redondamente enganado, até hoje eu preciso de colo, de atenção, de ajuda e de amor... Depois de todos esses anos, eu olho pra mim e suspeito; ainda sou um menino, aquele menino?

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ViSão ParTiculaR

Ontem, não sei o porquê, assim do nada, me bateu uma tristeza tão grande. Sempre que me sinto melancólico, se estou no carro ou no ônibus fico imaginando que a paisagem é meu cenário, as pessoas figurantes, tão egocêntrico da minha parte achar que sou protagonista do mundo(rs). E nessa minha fantasia de clipe triste, sempre chove, mesmo que haja sol. E eu fico ali com olhar parado e o fone no ouvido. Fico horas lendo os rostos que passam desapercebidos de minha presença. Imagino vidas, sonhos, angustias, histórias... e invento uma porção delas. Essa é a minha ViSão ParTiculaR!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Entrou na capela e manteve o silêncio quase absoluto não fosse pelo pouco isolamento e pelo barulho externo.
Naquela tarde fosca que não chovia e nem fazia luz, ele estava solto e só na capela. Procurava um refúgio. Enquanto observava atentamente os detalhes do interior daquele pequeno espaço sagrado procurava um assento para ofertar sua fé. Sentou-se e não pensou em nada por alguns instantes, juntou suas mãos num sinal de revêrencia e agradecimento, conteve-se por pouco tempo antes de finalmente ajoelhar-se e fechar os olhos, não estava sentimental nem tampouco ameaçava emocionar-se, apertou o mais forte que podia suas mãos, amoeceu os ombrou e a face, pensou em fazer o sinal da cruz, mas achou hipocrisia porque não havia significado pra ele naquele gesto. Tinha tudo para crer, mas era sabido demais para não questionar e quanto mais sabia, mas afastava-se de si . Não disse uma palavra sequer durante sua oração, apenas estava ali no que ele julgava ser seu sacrifício espiritual. Queria liberdade para seu coração e alma, mas não haviam caminhos que não fossem questionáveis. Só queria um pouco de paz de espírito, só queria um sinal, nada de politicagem religiosa ou fantasia, imaginação fertíl de quem esta desesperado, ele estava sereno e buscava a verdade por mais insuportável que fosse e sabia que infelizmente a verdade frequentemente se manisfestava insuportável. Temia subitamente se ver só e descobrir que de nada adiantavam seus lamentos e pedidos de misericórdia, nem graças, nem bençãos, apenas o curso natural da vida que seguia como um rio cujo objetivo principal era escorrer até o fim.

                                                                                                                                                                                                             Os minutos de vazio pareceram uma eternidade e quando finalmente se  levantou sentiu seu corpo mais preenchido do que nunca. Sentiu que tinha alma. Sentiu que eram suas perguntas que faziam seu sangue circular e que o tornavam tão humano como qualquer outro. Respirou avidamente. Tinha sido a oração mais proveitosa de toda sua vida, sim, naquele momento ele pensou ter sentido a presença de Deus.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Proibido

Caminhei sorrateiramente, um passo de cada vez, até ficar próximo o suficiente para ver, mas também mantive uma distância significativa para não ser visto.

Era proibido e isso aguçava minha vontade, sempre tive queda pelas tentações. Bastava dizer que não podia e eu me sentia arrastado até o cume da insanidade, onde já estando, não se podia voltar. Era minha sina embolar-me com o inverso e fazer as escolhas erradas, fossem no amor, no trabalho ou em coisas simples como escolher uma roupa ou sair de casa. E vi minha vida rabiscando-se nessa volúpia.
Sempre carreguei comigo que de certa maneira a vida é um erro que estou disposto a encarar. Os acertos nos dão um prazer rápido e absoluto, mas é no erro que encontramos a longevidade e intensidade de cada sentimento. Fala-se muito de arriscar, tentar, lutar, eu digo; viva e deixe viver. Por que teimamos em dar nomes e números as coisas se a única coisa que elas precisam é de sentido?!

Continuei a caminhar devagarinho, levantei a ponta dos pés e ergui a cabeça, olhei por cima, não era nada demais, era só minha curiosidade...


sexta-feira, 15 de junho de 2012

Romântico


Deu-me esta noite a vontade de ser romântico, de falar bobeiras e rasgar a seda que cobre meus sentimentos nobres. Deu-me na telha, assim do nada, mesmo sem amar, apenas pela lembrança de já ter amado algum dia nesta vida de faltas e sobras, onde falta-me tudo que não tenho e neste momento não tenho ninguém a quem possa chamar por minha ou meu. Sobra de mim a certeza do que sinto impressa no decorrer de cada palavra dita e pintada, por que é de cores que ele, o amor, é feito e se desfaz. Feito de preto, de branco e rosa, muitas rosas, mas é também de azul-celeste e lilás, uma gama de cores que escorre lentamente na veia dos apaixonados transformando cada momento numa paisagem viva e passageira. Inconstante e intrigante, é pedra e diamante, feito de chuva e calor, da mistura e do sabor, sim é contraditório nosso amor. E como não fazer rima se o amor vem em pares, em pegadas solares onde não há mais nada além de luz e imaginação, reflexo, prisão.
De todos os instantes o que não me foge nunca da memória é daquele súbito momento em que te amei.
De todos os amores, nem do primeiro e nem do penúltimo sinto tanta saudades, falta mesmo eu sinto de quem não chegou, de quem não me trouxe ainda todas aquelas sensações de puro delírio e cegueira.
Tira-me tudo que tenho, minhas posses e meus bens, só quero minhas lembranças; as tardes a enamorar, o mergulho de mãos dadas, o sol na cara, o beijo enlouquecedor, nossas peles coladas e a foto. Deixa também o vidro quebrado, o copo no chão, o nó na garganta, o aperto no peito, o frio na barriga e o desespero ao ver despedidas. Leva-me e deixa-me, não quero ser pra sempre teu, quero apenas ser romântico e amar-te um instante.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Lua Minguante, 2007.

No celular atolado de mensagens, tuas declarações a nossa eternidade e sei que tudo aquilo que me dizias era verdade. Tuas verdades que me incendiavam de amor, paixão e insegurança.
Eu menti, confesso. Menti ao dizer que não estava completamente em suas mãos, que não estava louca por ti e que sabia ser feliz sozinha. Menti ao dizer que estava preparada para o nosso rompimento.

Sinto saudades, sinto seu cheiro, seu beijo, sinto que eu ainda não sei tudo. Tudo que sei é que minhas portas e janelas continuam abertas esperando pela hora da tua volta que se arrasta e que demora, mas que sem dúvida me apavora.

Fico horas relendo minhas memórias. Passando a limpo todo nosso percurso até o inevitável fim.

Eu não vivi tudo, não com tudo que tinha. Na minha mente eu fugia dos sentimentos profundos porque sabia tudo o que eu enfrentaria quando meu coração estivesse entregue.

Lembrei do rosto sem cor ao descolar tuas mãos das minhas, ao deixar-te livre, de certa maneira, me aprisionei.
Quando você vinha tudo se tornava imensurável, eu perdia a noção de tempo e lógica e me tornava pura sensibilidade. Nem sei mais o que eu era antes de te conhecer, só sei o que me tornei na sua ausência.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Pés no chão

A gente não sabe mais no que acreditar.
Será mesmo que todos os meus conceitos estão corretos?
Será que as escolhas estão mesmo todas erradas?
Será que era mesmo pra não ser, ou desisti cedo demais?
Perdi totalmente a noção de verdade e ilusão, nem sei se isso realmente importa, mas com toda certeza me incomoda. Não perco o sono por isso, mas confesso que penso e penso muito antes de dormir.
É nítido para mim que esses surtos nada são, além do que são, surtos de entendimento e aflição. Tudo por não saber agora, de uma vez...
Ansiedade, está aí um mal para o qual não encontro remédios, maneiras, livros, músicas.
Quando eu era pequeno e vivia lá longe eu achava  que entendia toda a gente desse mundo. Eu sabia chorar de verdade, sem prender, sem vergonha nenhuma e por qualquer motivo. Eu vivia sorrindo, do nada e pra todo mundo. Eu acreditava em tudo o que me diziam, nos contos de fada, nos super-heróis, na amizade sincera, no amor eterno, e que um dia lá na frente quando eu me torna-se "gente grande" ia ser muito feliz. Não haviam muitas perguntas dentro de mim, mas a cada dia eu obtinha uma resposta. E fui aprendendo, cada dia mais. E segui feliz. Hoje que eu fiquei adulto tenho um pouco de vergonha, mas do que eu gostaria. Quando choro, coloco a mão no rosto e sumo daqui e só volto quando meu rosto já está disfarçado. Nos abraços eu me encolho todo, meu rosto fica rubro e meus olhos molhados. Eles, meus olhos, agora vivem molhados, mas não choro... ah não choro mesmo. As pessoas mudaram também, ou fui eu? sei lá... Não acredito em tudo, na verdade acredito em pouquíssimas coisas e pessoas.

Quero aprender a viver agora, desbravar essa selva sem medo de cara feia e encontrar o equilíbrio tão desejado. Não quero mais voar, meus braços estão cansados de tanto sacudir e não sair do lugar. Eu quero caminhar na terra, olhando em todas as direções, absorvendo todos os nutrientes da felicidade.
Eu quero explodir em um êxtase quase tão intenso quanto a própria vida e me libertar de vez desse turbilhão de pensamentos....

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Tempo, A Chuva e Nós.

Lembro da galera sentada na esquina de casa, uns jogados nuns bancos de madeira enquanto outros sentados no chão mesmo, alguns de pé e todos sorrindo. A lua iluminava nossas divertidas noites, uns com 13, outros com 15, alguns com 16 e 17 e todos crianças. A gente jurava amizade eterna e confidenciava um ao outro seus   planos mais íntimos, uns queriam casar, outros almejavam ser advogados ou médicos, alguns queriam morar em outro país, todos queriam ser felizes. Tínhamos tantas coisas em comum, mas principalmente a pureza de não guardar rancor, de esquecer rápido dos desentendimentos, não levávamos conosco as coisas muito a sério a não ser a vontade de nos mantermos sempre unidos. Tínhamos ali a certeza de que aqueles amores seriam pra sempre e sim nos tínhamos dentro de nós muitíssimas preocupações: notas baixas, amores não correspondidos, ciúme dos melhores amigos, bronca da mãe, do pai, do tio, do irmão mais velho e ainda por cima ter que cuidar de um(a) irmão(ã) chato(a). A gente morria por dentro com problemas que imaginávamos impossíveis de resolver. Cada mudança no nosso corpo, cada ano que se passava e a turma que mudava e a série que aumentava. 
Os planos mudaram e alguns amigos se foram e de repente eu acordei aqui no meu quarto com a metade do fui e com o dobro do que eu esperava. A saudade dói no peito, na alma e a gente fica teimosamente relembrando o que já nos fez tão bem. Não sei se seria bom voltar, afinal de contas, eu não me encaixo mais onde era perfeitamente desenhado.
As vezes parece que o tempo faz questão de esfregar na nossa cara como fomos burros de perdê-lo tanto. Queria ser como a chuva que não se importa de cair, mesmo sabendo que tantas vezes não é desejada, mesmo sabendo que ao mesmo tempo que mata a fome e a sede, também pode mesmo sem querer destruir milhares de corações, ela cai, mesmo tendo a certeza de que não vai durar para sempre, mesmo que nunca seja realmente elogiada pela sua grandeza e inspiração.
Temos tanto a aprender com a chuva, com o sol, com o vento, com o tempo, com a natureza e sua totalidade.
Deus deixou milhares de pistas pelo caminho, mas estamos cegos, presos a sentimentos fúteis e egoístas, pensando em como o mundo pode ser só nosso. A gente esquece que já foi criança e de como éramos fortes quando nós julgávamos impotentes diante da vida.

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