Bastaria um dia em que o telefone não tocasse.
Nenhum
telefone tocasse.
Apenas um dia sem fios a fio.
Um dia sem sentir a radiação corroendo meus tímpanos.
Sem ser invadido pela imagem de um e-mail ou de uma
televisão.
O dia em que internet não seria uma necessidade básica.
Um dia pra ouvir “eu te amo” no pé do ouvido, pra sentir
aquele abraço apertado.
O dia em que sua imagem vai estar refletida apenas em meus
olhos.
Saborear e não fotografar.
Bastaria um dia de paz, sem toda essa correria, sem a ânsia de
expor meus desejos e pensamentos, sem
todo esse lixo visual.
Sem toda essa informação.
Um dia de entrega total.
Um dia imerso dentro de mim sem a interferência do mundo
externo.
Um dia em que o único barulho a ser apreciado será o do
vento nas folhas e das batidas do coração.
Um dia em que eu não vou ter que esperar por nada acontecer.
Ali sentado, apreciando a paisagem sem o pânico de imaginar
o celular descarregado.
Totalmente
“off-line”, “outside”, “unplugged”.