segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Escrevendo na Chuva


Eu comecei a escrever para curar uma dor e eu acho que é muito comum começar assim. 

Colocar no papel do jeito mais bonito que puder a sua tristeza e a sua oração. 

Dar uma vida diferente ou um nome para algo que é tão real e ao mesmo tempo tão imaginário.

Imagine ter o poder de criar o caos e criar a cura. Se despir de cada nó seja na garganta ou no coração. Poder fazer as perguntas que quiser sem medo da resposta, aceitando o sim e o não, o certo e o errado, a verdade e a ilusão.

Escrever porque respiro. Autoexpressão.

domingo, 25 de julho de 2021

Portas entreabertas


Ela estava cansada de olhar pra trás e ver portas entreabertas. 

Alguma coisa especial havia ficado naquele vão e aquele vão era um infinito pra ela. 

Perdida naquele espaço ela sentia a gravidade de não saber a direção entre o eu te amo e o perdão.

Era como se o tempo conseguisse passar mesmo quando a gente tava parado e aos poucos ela ia desencostando da minha mão.

Eu nem tinha percebido que era muito para carregar e que ela já tinha se esvaziado de tanto esperar, não por mim, mas pela vontade estar e foi, um passo de cada vez, mas foi e quando a porta finalmente se fechou ela conseguiu se lembrar de que o lugar pelo qual passou não era ficar.



sábado, 26 de junho de 2021

Esper(Ar)

 Ficamos sentados por mais tempo do que esperávamos, mas o mais angustiante era não saber porque estávamos esperando por tanto tempo.

Sentados, nossos rostos não conseguiam relevar simultaneamente o que pensávamos ou sentíamos. 
Juntos, mas não na mesma sincronia, ao lado, mas não na parceria, era um pouso solitário aonde  a única coisa que nos unia era a espera.
Passavam por nós e se nos notavam, fingiam que não. Fingir tinha ido tão longe quanto podia se imaginar, tão natural quanto correr, sobreviver se tornava uma das melhores maneiras de esperar.
Era o movimento esperado, ficar parado, esperando notar ou ser notado. Alguém que acabasse com aquela espera.
Alguém que dissesse: Moço! Pode levantar!
De todas as horas, a mais sincera parecia ser aquela, pela qual nós aguardávamos que acabasse. E como numa viagem de trem, soltasse, pulasse para outro vagão, continuava em espera por não saber a direção.
Continuamos ali, chacoalhando, de vez em quando nos encostando, mas profundamente ignorando nossa relação.
Num dado momento cansados de esperar, lentamente nos colocamos a observar um ao outro e numa linguagem silenciosa, melancólica e esperançosa decidimos nos aproximar e percebemos que juntos, não importa aonde se quer chegar, na companhia da verdade, a eternidade ainda é pouco pra esperar. 

sábado, 19 de junho de 2021

Ondina

Meus pés mal tocaram o chão e já sentiram novamente o tremor de não poder voar. 

Eu ainda lembro daquele dia em que o peso da dor, que eu achava que era amor, me derrubava outra vez. 

Estiquei-me, mas as pernas bambearam, era como esquecer de respirar e um passo de cada vez, tentando disfarçar a cicatriz e a insensatez de me deixar. Me deixar levar outra vez pelo medo, medo do calor, medo de tentar e tentando me segurar ao que já não fazia mais sentido eu me tornei abrigo e prisão. E nessa solidão eu me reinventei, despido das minhas asas e correntes, segurei num balão e novamente voei.


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