terça-feira, 29 de maio de 2012

Lua Minguante, 2007.

No celular atolado de mensagens, tuas declarações a nossa eternidade e sei que tudo aquilo que me dizias era verdade. Tuas verdades que me incendiavam de amor, paixão e insegurança.
Eu menti, confesso. Menti ao dizer que não estava completamente em suas mãos, que não estava louca por ti e que sabia ser feliz sozinha. Menti ao dizer que estava preparada para o nosso rompimento.

Sinto saudades, sinto seu cheiro, seu beijo, sinto que eu ainda não sei tudo. Tudo que sei é que minhas portas e janelas continuam abertas esperando pela hora da tua volta que se arrasta e que demora, mas que sem dúvida me apavora.

Fico horas relendo minhas memórias. Passando a limpo todo nosso percurso até o inevitável fim.

Eu não vivi tudo, não com tudo que tinha. Na minha mente eu fugia dos sentimentos profundos porque sabia tudo o que eu enfrentaria quando meu coração estivesse entregue.

Lembrei do rosto sem cor ao descolar tuas mãos das minhas, ao deixar-te livre, de certa maneira, me aprisionei.
Quando você vinha tudo se tornava imensurável, eu perdia a noção de tempo e lógica e me tornava pura sensibilidade. Nem sei mais o que eu era antes de te conhecer, só sei o que me tornei na sua ausência.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Pés no chão

A gente não sabe mais no que acreditar.
Será mesmo que todos os meus conceitos estão corretos?
Será que as escolhas estão mesmo todas erradas?
Será que era mesmo pra não ser, ou desisti cedo demais?
Perdi totalmente a noção de verdade e ilusão, nem sei se isso realmente importa, mas com toda certeza me incomoda. Não perco o sono por isso, mas confesso que penso e penso muito antes de dormir.
É nítido para mim que esses surtos nada são, além do que são, surtos de entendimento e aflição. Tudo por não saber agora, de uma vez...
Ansiedade, está aí um mal para o qual não encontro remédios, maneiras, livros, músicas.
Quando eu era pequeno e vivia lá longe eu achava  que entendia toda a gente desse mundo. Eu sabia chorar de verdade, sem prender, sem vergonha nenhuma e por qualquer motivo. Eu vivia sorrindo, do nada e pra todo mundo. Eu acreditava em tudo o que me diziam, nos contos de fada, nos super-heróis, na amizade sincera, no amor eterno, e que um dia lá na frente quando eu me torna-se "gente grande" ia ser muito feliz. Não haviam muitas perguntas dentro de mim, mas a cada dia eu obtinha uma resposta. E fui aprendendo, cada dia mais. E segui feliz. Hoje que eu fiquei adulto tenho um pouco de vergonha, mas do que eu gostaria. Quando choro, coloco a mão no rosto e sumo daqui e só volto quando meu rosto já está disfarçado. Nos abraços eu me encolho todo, meu rosto fica rubro e meus olhos molhados. Eles, meus olhos, agora vivem molhados, mas não choro... ah não choro mesmo. As pessoas mudaram também, ou fui eu? sei lá... Não acredito em tudo, na verdade acredito em pouquíssimas coisas e pessoas.

Quero aprender a viver agora, desbravar essa selva sem medo de cara feia e encontrar o equilíbrio tão desejado. Não quero mais voar, meus braços estão cansados de tanto sacudir e não sair do lugar. Eu quero caminhar na terra, olhando em todas as direções, absorvendo todos os nutrientes da felicidade.
Eu quero explodir em um êxtase quase tão intenso quanto a própria vida e me libertar de vez desse turbilhão de pensamentos....

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Tempo, A Chuva e Nós.

Lembro da galera sentada na esquina de casa, uns jogados nuns bancos de madeira enquanto outros sentados no chão mesmo, alguns de pé e todos sorrindo. A lua iluminava nossas divertidas noites, uns com 13, outros com 15, alguns com 16 e 17 e todos crianças. A gente jurava amizade eterna e confidenciava um ao outro seus   planos mais íntimos, uns queriam casar, outros almejavam ser advogados ou médicos, alguns queriam morar em outro país, todos queriam ser felizes. Tínhamos tantas coisas em comum, mas principalmente a pureza de não guardar rancor, de esquecer rápido dos desentendimentos, não levávamos conosco as coisas muito a sério a não ser a vontade de nos mantermos sempre unidos. Tínhamos ali a certeza de que aqueles amores seriam pra sempre e sim nos tínhamos dentro de nós muitíssimas preocupações: notas baixas, amores não correspondidos, ciúme dos melhores amigos, bronca da mãe, do pai, do tio, do irmão mais velho e ainda por cima ter que cuidar de um(a) irmão(ã) chato(a). A gente morria por dentro com problemas que imaginávamos impossíveis de resolver. Cada mudança no nosso corpo, cada ano que se passava e a turma que mudava e a série que aumentava. 
Os planos mudaram e alguns amigos se foram e de repente eu acordei aqui no meu quarto com a metade do fui e com o dobro do que eu esperava. A saudade dói no peito, na alma e a gente fica teimosamente relembrando o que já nos fez tão bem. Não sei se seria bom voltar, afinal de contas, eu não me encaixo mais onde era perfeitamente desenhado.
As vezes parece que o tempo faz questão de esfregar na nossa cara como fomos burros de perdê-lo tanto. Queria ser como a chuva que não se importa de cair, mesmo sabendo que tantas vezes não é desejada, mesmo sabendo que ao mesmo tempo que mata a fome e a sede, também pode mesmo sem querer destruir milhares de corações, ela cai, mesmo tendo a certeza de que não vai durar para sempre, mesmo que nunca seja realmente elogiada pela sua grandeza e inspiração.
Temos tanto a aprender com a chuva, com o sol, com o vento, com o tempo, com a natureza e sua totalidade.
Deus deixou milhares de pistas pelo caminho, mas estamos cegos, presos a sentimentos fúteis e egoístas, pensando em como o mundo pode ser só nosso. A gente esquece que já foi criança e de como éramos fortes quando nós julgávamos impotentes diante da vida.

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