sexta-feira, 17 de junho de 2016

Cap. 2 - Acordar

Cap. 2 - Acordar

O primeiro dia em que eu abri os meus olhos não foi o mesmo dia em que eu acordei, porque esse segundo momento foi adiado pela culpa, mágoa, ansiedade e pela tristeza insistente.
Esses sentimentos são fundamentais para o crescimento humano, porém é preciso identificar se os mesmos já deixaram de ser momentâneos e passaram a fazer parte de quem somos nós.
Quando eu descobri que a tristeza era um ponto de vista no qual meus olhos estavam fixados, esfreguei-os com bastante força, joguei muita água gelada no rosto, até que os primeiros raios de luz e sabedoria pudessem reativar os meus sentidos, todos eles.
Foi um dia qualquer, não havia nenhuma data mágica, nem era segunda-feira, o santo dia dos começos que nunca terminam.
Suspeito que tenha sido numa terça, cinzenta, chuvosa e como sempre inspiradora.
Desde então se você olhar ao meu redor pouca coisa mudou, ainda tenho os mesmos amigos, o mesmo relacionamento, o mesmo trabalho, quase tudo na mesma, menos eu.
Lembro até hoje das primeiras mensagens de positividade que eu recebi, naquele momento eram apenas textos reflexivos que chegavam a minha juventude imatura, mas que já me faziam pensar sobre diversas questões da vida, todas elas contando histórias muito diferentes, mas sempre tinham aspectos em comum: Aceitação, Positividade e Gratidão. Eu ia reunindo-os em uma pasta e tinha muito apego por cada texto, como se neles eu pudesse encontrar alguma direção, lia com frequência até que um dia um coração mais necessitado pegou emprestado e nunca mais me devolveu.
Daí por diante dei um mergulho raso nos livros de ajuda passando pelos nomes nacionais mais comentados, vídeos na internet, conversa com professores, com amigos. Foi definitivamente um divisor de águas. Eles me ajudaram a concentrar a energia positiva em uma unidade dentro de mim e aprofundaram aspectos como: Coragem, Determinação e Serenidade.
Conhecer algo e praticá-lo são coisas completamente distintas, mas totalmente dependentes.
Quando eu acordei e comecei a buscar a efetiva participação e adaptação ao novo estilo de vida, uma vida mais leve, sem tanta pressão e com a certeza de que a felicidade está a nossa disposição, eu realmente nunca mais quis dormir aquele sono triste novamente.
Gostaria de dizer que é um processo simples e natural, mas a verdade é que o caminho é longo e muitas vezes árduo.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Cap. 1 - Sobrevivência

Cap. 1

Sobrevivência. 

Tem uma fase da vida que a gente se sente fraco. Neste momento todas as palavras duras dilaceram nossos corações, choramos com frequência e muitas vezes por bobagem. É um momento muito louco. Sentimos que não somos donos de nada, nem de nós. Nossa opinião não vale de nada, nem nós. Nosso afeto é carregado demais, ninguém suporta. É quase um estado de sonambulismo aonde você não controla nada, é quase um zumbi, mas não põe medo em nenhum ser vivo.
Nessa fase da vida não há amor que nos carregue, não há abraço que nos console e nem lágrimas que possam expressar todo o mar que nos afoga. É uma morte. Não como a morte pelo fogo, onde há energia queimando, euforia, gritaria. É a morte pela água, angustia, silêncio, impotência, um debater de braços sem sentido.
O pouco que sei  dessa fase é que ela tem um fim no sentido de término e outro no sentido de propósito. Infelizmente, a única coisa que me lembro é que acabou quando a pior das dores me sufocou, quando realmente nossas forças parecem que irão finalmente sucumbir, enfim um respiro, um emergir das profundezas mais escuras e de lá saímos sabendo que jamais voltaremos a ser como antes. Não existe mal em sermos diferentes, mas não deixamos para trás apenas os sentimentos ruins, uma parte boa da gente também se vai, uma parte incompreensível, boa demais para sobreviver neste mundo. Esse renascer, esse trocar de pele não vem de graça, essa nova força tem um preço muito alto pelas vantagens que nos oferece.
Agora, finalmente nos sentimos preparados e protegidos. Nossos olhos que antes procuravam cabisbaixos por aprovação, agora enaltecidos por uma vibração quase mágica refletem nosso brilho. O corpo mais ereto. A língua mais afiada. O punho cada fez mais cerrado e no mais avançado estágio a ambiguidade da mente.
É uma dolorosa transição, não sabemos se ainda somos nós.
Quase nada do que era antes ainda vive neste corpo, nesta mente. É um tanto monstruoso.
A natureza como sempre nos dá a resposta. Observe quantos animais utilizam de mecanismos de defesa assustadores, mas nenhum deles gasta atoa essa energia, são sempre incentivados pelo ataque do seu predador. Os ataques da vida são capazes de despertar em nós o mais feroz dos instintos.
Mas onde encontrar o equilíbrio da alma?
Como sustentar uma vida que não seja tão doce ao ponto de enjoar, mas que também não seja tão amarga ao ponto de ninguém nos suportar?
É possível controlar nossos instintos agressivos somente para os momentos de sobrevivência?
Posso te garantir que sim.

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