terça-feira, 29 de novembro de 2011

Lua Crescente, 1997.

Ela não me engana.
Sei que por trás daqueles lindos olhos existe mais do que eu posso suportar.
Ela desconversa sempre que pergunto, desvia o olhar e tenta inutilmente me convencer com suas mentiras. Não acredito em uma palavra do que diz e cerro os punhos ao imaginar que posso estar enganado. Por mais que eu tente, não posso fugir de que ela e somente ela conhece meus desejos e minhas ideias, sabe cada rastro do meu corpo e conhece cada vontade que habita em meu coração.

Eu me entreguei, joguei meus sonhos em seu colo e fechei os olhos para a verdade sombria que havia em suas atitudes. Eu não enxerguei o muro que existia em nós e fingi que tudo estava bem, até este momento.

Suas lágrimas não me convenceram dessa vez e seu encanto não foi o suficiente para me entorpecer como sempre. Abandonei aquele momento sinistro que quase saiu pela minha boca. Não me sujeitei a olhar para ela novamente, nunca mais, não como antes. Não daquele jeito carinhoso e sincero, cheio de amor e esperança.
Eu receio que nunca a tenha conhecido de verdade e temo que ela nunca tenha sido como eu a desenhei. Ela se foi, sem nem ao menos me pedir para ficar e isso não estava nos meus planos, nas minhas regras e frases ensaiadas.

Não caiu a ficha até hoje, fecho meus olhos e encontro os dela, me chamando de amor, pegando na minha mão e me beijando de um jeito que eu jamais consegui esquecer.

 


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Lua Cheia, 1992.

Ela debruçou sobre meus ombros e chorou por um longo período, eu quis mantê-la ali protegida comigo, não desejei nem por um segundo conter suas lágrimas, eu nunca fui bom nisso.

Nós não dissemos nada por alguns segundos, apenas nos olhamos profundamente e com os olhos tivemos uma longa conversa cheia de reflexões e conclusões. Eu tive medo, todo o tempo esse medo me assombrava e fazia eu me sentir tão mal quanto podia. 

Eu percebi que ela não me culpava, não me encostava na parede pedindo esclarecimentos, apenas me beijava misturando sua tristeza, sua paixão à sua loucura. Levantou-se num pulo que me assustou e caminhou com passos largos no estreito quarto de um canto ao outro, abaixei minha cabeça e sustentei com as mãos, quando subi meus olhos novamente, ela estava nua na porta do meu quarto, me olhando com aquele jeitinho meigo e quase inocente, seus lábios sussurravam um "Eu te amo" que me contagiava por inteiro, lentamente. 

Eu a puxei para perto de mim e segurei em seus cabelos compridos e finos e as dúvidas se dissiparam. Ela estava no controle de tudo e sabia mais do que eu imaginava. Não tinha o que temer, ela havia superado e eu precisava superar também.

Mesmo que um dia tudo mude e se volte contra nós, eu quero ter a certeza de que todo o nosso tempo existiu e que em algum momento o amor nos dominou de tal maneira que tornou possível vermos além de nossos sentimentos egoístas e enxergarmos um ao outro.


sábado, 12 de novembro de 2011

Ele em nós

Ele se aproxima nas noites insones e pertuba meus sonhos.
Ele dissipa minha dor e afasta meu medo. Atravessa meus rios e acalma meus mares revoltosos. Ele controla minha tempestade e afaga meu coração. Não é possível prevê-lo, nem domesticá-lo. Sua natureza é intransponível e inigualável. Ele vaga em todos os corpos e invade todas as mentes. Ele habita em todas as manhãs, em todas as estações e caminha em cada noite serena. Existem aqueles que o temem e fogem, existem aqueles que o amam enquanto o possuem; falam dele, escutam e crescem com ele como uma semente perdida na terra que encontra na chuva sua única esperança para viver. Ele está nas músicas, nas poesias, em todas as cidades; sejam urbanas e modernas ou chucras e hóstis, ele está no campo, nos templos e nas ruas. Não se rende, não desite nunca. Luta bravamente em meio a tanto rancor e desilusão. Ele é o progresso, ele é o futuro. Juntos somos toda a história da minha vida, pois vivi nele e ele apoderou-se de mim e me consumiu. Enxugou as águas salgadas que derramam em meu rosto e tantas vezes a causou. No inferno e no paraíso esteve ao meu lado construindo seu novo lar.
Tolo, o mais tolo de todos sou eu que me julgo capaz de desenhá-lo em palavras tão singelas diante da magnitude de seu poder. Ele é o Amor. E o Amor e está em todo canto dessa terra, em cada olhar perdido, inocente que não sabe o caminho. Deixe ele te levar, pois não há maneira melhor para se viver e aprender.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Liberdade

Libertar-se é buscar conhecer a si mesmo.
Libertar-se é buscar seu eu no fundo da própria alma.
Liberta-se é dividir-se e multiplicar-se.

Liberdade é exclusividade de pensadores que aceitam o que é preciso e lutam pelo que é necessário e que não perde tempo com crenças e mitos.
Só experimenta essa sensação de êxtase absoluto quem se entrega ao dia a dia e não se importa com a rotina, quem não se estressa por pouca coisa, quem não se deprime por mais de um dia, quem chora sem medo do que vão julgar.
Quem brinca mesmo sendo gente grande ganha, sempre ganha.
Quem se acha alvo da crueldade divina perde, perde tempo.
A vida não é só isso ou só aquilo, tudo é momento, tudo é sentimento e passa, tudo passa.
Liberdade é inspiração, expressão, diversão.
Engana-se quem acha que paredes podem aprisionar, que algemas podem conter, nada e seguramente nada pode encurralar nossas almas sedentas por LIBERDADE.
Solte sua voz, abra seu coração e irradie luz, liberte-se.

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