segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Espelho #1

Nem todas as minhas perguntas foram respondidas.
Ainda não me sinto pleno. Mas todos os resultados que já obtive me dão forças para continuar.
Eu tenho ainda muitos desejos materiais e sei que no seu devido tempo serão sanados ou substituídos, mas o meu desejo maior nunca foi material e sim emocional e espiritual. Sentir-me amado é fundamental,  ser importante na vida dos outros, contribuir com algo que faça a diferença, seja ela uma palavra ou um olhar.
Ainda não posso comprar tudo o que eu quero, mas tudo aquilo que não custa dinheiro tem sido abundante em minha vida.
Não dá para ter tudo de uma vez e nem todos, mas quando você aprende a relaxar o coração,  entende que a não presença tem um efeito tão significante quanto a presença. Eu aprendi a respeitar o tempo.
Eu aprendi a respeitar cada momento e não mais embarcar nos dramas do apego. Reclamar do amigo que não aparece, do parente que não muda, da vida que não dá o que a gente acha que merece. Tudo tem o seu espaço e tempo.
Eu estou aprendendo a soltar, me soltar, sem amarras sociais, sem algemas sanguíneas, sem  pactos ou contratos. Eu aprendi que posso ser leve se eu simplesmente AMAR a todos e sendo leve posso finalmente realizar o meu maior desejo, voar. Um voo interior, um encontro, um amor incondicional, além das relações e afetos que conhecemos.

sábado, 29 de outubro de 2016

Bilhete

Estamos tentando mais uma vez e sei que seremos julgados por isso.
Ninguém consegue enxergar o que existe além de nossos olhares esperançosos.
Além de nossa aparente distância estivemos ainda mais juntos, ligados.
Meu pensamento estivera sempre ligado ao seu como um elo.
Sei que estaremos lançando nossos corações e almas num aparente desconhecido.
O que haverá adiante?
Estou abrindo novamente minhas portas e janelas, que aliás nunca estiveram realmente fechadas.
Supomos estar certos da incerteza que nos envolve e sempre nos envolveu.
Acredito que ainda há um nós aqui e precisamos descobrir quanto desse nós ainda há.
É suficiente para mais uma caminhada?
O que temos a perder não se compara ao que podemos ganhar. O amor de nossas vidas.

sábado, 24 de setembro de 2016

Metamorfose

Quando eu era uma criança era fácil me distrair com a natureza. Olhava os detalhes das folhas e surtava com o designer das criaturas, principalmente os insetos. Muitas vezes na minha inocente ignorância tentei aprisionar alguns dos insetos que gostava em potes de maionese com furos na tampa. Colocava um pouco de terra, algumas folhas e o meu habitat estava completo. Eu saia à caça e encontrava muito bichinhos esquisitos.

 Fui privilegiado por nascer num local rural e cheio de diversidade. Um vale enfeitado pela mata atlântica. Abelhas, joaninhas, besouros e uns grilos eram os que mais eu encontrava e capturava com facilidade. Morando perto do rio uma grama rasteira cobria a extensão do meu quintal. Uma pedra suntuosa que hoje não existe, era o único local alto, aonde eu podia finalmente analisar minhas conquistas. Naquela pedra eu era o rei da beira do rio.

Foi também nessa mesma época que eu aprendi uma das mais valiosas lições da minha vida.

Um dia caminhando um pouco mais distante do meu reino, mas ainda no mesmo bairro, próximo de uma cachoeira encontrei um casulo de borboleta.  Fiquei eufórico com aquela pequena capsula de mistério. Quebrei o galho onde aquele serzinho estava agarrado e corri para casa. Preparei meu pote para receber minha mais nova beleza aprisionada. Esperei. Esperei. Parecia um século, tamanha era minha ansiedade. 

Um dia meu pai me acordou e me disse que minha borboleta me aguardava. Quando grudei meus olhos arregalados no vidro, lá estava a rainha do meu reino. Nunca tive a intenção de mantê-la ali. Suas asas faziam um movimento leve, o pote era apertado de mais para que ela pudesse enxugar sua liberdade.

Desenrosquei a tampa furada e lentamente a peguei na ponta dos meus dedos.
Coloquei numa árvore, mas ela não ameaçou voar. Sua asa esquerda estava totalmente enrugada. Fiquei tenso. Tentei ajudar em seu primeiro voo, mas ela cambaleava.
Numa distração minha um pássaro rasgou o céu e a comeu.
Não era minha aquela rainha, não era só minha. Sua jornada transitou entre os meus dedos e o bico de um pássaro.
Eu jamais deveria querer impedir o fluxo natural da vida e nem me sentir culpado.
Muitas vezes estamos acolhidos em nosso casulo e não sabemos como e quando sairemos de lá. Teremos espaço suficiente para secar nossas asas? Viveremos nosso ciclo natural ou seremos comidos por um passarinho?

A borboleta não teve como evitar que fatores externos a tirassem do seu breve fim, mas nós que somos seres com inteligência emocional e racional podemos e devemos nos conduzir e nos retirar de nossos casulos existências antes que nosso voo seja interrompido.

Eu ficava apaixonado com o fato muito louco de a borboleta já ter sido uma lagarta. Eu lia isso no livro de ciências do primário e ela passou a ser meu inseto favorito. Mudar já era meu esporte desde então ou muito antes. O que eu nunca havia pensado de fato é que mudanças, por mais que sejam necessárias, normalmente chegam acompanhadas de um rompimento do estágio anterior o qual já estávamos tão acostumados que forçam a resistência natural ao novo. Eu não sei se aquela lagarta teve a chance de escolher ficar parada e ser para sempre uma lagarta.
Há um consenso sobre isso, avançar nos levará aonde jamais estivemos e entender que precisamos ir é urgente. O pote de ouro, o fim do arco-íris, o ponto B estará sempre a nossa espera.






terça-feira, 2 de agosto de 2016

Cap. 3 - Caminhada

Cap. 3 - Caminhada

Quando eu decidi que precisava mudar as coisas e que a realidade que eu estava vivendo não era a única possibilidade, uma das minhas primeiras dificuldades foi ainda na fase de expansão e aceitação da nova realidade. 
Num mundo aonde o caótico é esperado com prazer todo o tempo nas novelas, nas rádios e jornais, é uma batalha entender que aos poucos, conforme vou mudando os meus pensamentos e focando em coisas positivas da vida, a minha realidade simplesmente vai se transformando junto e se ajustando a essa frequência.  
Quando se inicia é preciso dividir este conhecimento com as pessoas que conhecemos e amamos, pois faz parte de ter uma vida feliz e positiva criar um ambiente adaptado para isso, transformar o ambiente, porque o amor é um sentimento que precisa ser divido. Neste momento as primeiras dificuldades surgem, porque muitas dessas pessoas ainda que não estejam maliciosas, estão vivendo uma realidade completamente induzida e artificial há tanto tempo que acabam por tentar nos desanimar, desacreditando de nossas práticas, duvidando de nossos argumentos e apontando cada atitude nossa que não condiz com a positividade como fosse uma obrigação já ter transcendido está questão para ter a palavra.
Você sente que sua força está aumentando quando essas atitudes se tornam compreensíveis. Quanto menos a opinião negativa tem importância para você, e quanto menos impacto negativo ela tem nas suas emoções, mais próximos ficamos de atingir o objetivo maior e nos libertar da escravidão energética que nos empurra para a depressão e egoísmo.
É fundamental dizer que enquanto muitos são capazes de acordar sozinhos ou com mais facilidade, a maioria é mais resistente e insiste em não acreditar, pois acreditar trará consigo muitas responsabilidades. Acreditar trará à tona a realidade de que você é responsável por sua vida e isso muda tudo o que acreditávamos até então.
É importante falar sobre essas dificuldades iniciais, porque a partir do momento em que somos capazes de identificá-las, somos também capazes de precavê-las ou lidar melhor com elas quando surgirem.
Um fator que necessita de muita atenção neste momento inicial é em como aguentar as frustrações quando sentimos que apesar da nossa positividade as coisas não estão acontecendo no tempo e lugar que esperávamos.
Neste caso e como veremos em vários outros o essencial é identificar o centro do problema.
Quando essa expectativa foi criada? Em que circunstâncias?  Eu ainda realmente quero muito isso? Que pensamentos e sentimentos estão atrelados a esse desejo? Estou realmente com os meus pensamentos focados no meu objetivo?
Com o tempo iremos identificar que a base da positividade é a busca por conhecimento e o conhecimento é adquirido através das perguntas que vamos formulando em nossa mente. Então precisamos nos filtrar para fazermos as perguntas certas.






sexta-feira, 17 de junho de 2016

Cap. 2 - Acordar

Cap. 2 - Acordar

O primeiro dia em que eu abri os meus olhos não foi o mesmo dia em que eu acordei, porque esse segundo momento foi adiado pela culpa, mágoa, ansiedade e pela tristeza insistente.
Esses sentimentos são fundamentais para o crescimento humano, porém é preciso identificar se os mesmos já deixaram de ser momentâneos e passaram a fazer parte de quem somos nós.
Quando eu descobri que a tristeza era um ponto de vista no qual meus olhos estavam fixados, esfreguei-os com bastante força, joguei muita água gelada no rosto, até que os primeiros raios de luz e sabedoria pudessem reativar os meus sentidos, todos eles.
Foi um dia qualquer, não havia nenhuma data mágica, nem era segunda-feira, o santo dia dos começos que nunca terminam.
Suspeito que tenha sido numa terça, cinzenta, chuvosa e como sempre inspiradora.
Desde então se você olhar ao meu redor pouca coisa mudou, ainda tenho os mesmos amigos, o mesmo relacionamento, o mesmo trabalho, quase tudo na mesma, menos eu.
Lembro até hoje das primeiras mensagens de positividade que eu recebi, naquele momento eram apenas textos reflexivos que chegavam a minha juventude imatura, mas que já me faziam pensar sobre diversas questões da vida, todas elas contando histórias muito diferentes, mas sempre tinham aspectos em comum: Aceitação, Positividade e Gratidão. Eu ia reunindo-os em uma pasta e tinha muito apego por cada texto, como se neles eu pudesse encontrar alguma direção, lia com frequência até que um dia um coração mais necessitado pegou emprestado e nunca mais me devolveu.
Daí por diante dei um mergulho raso nos livros de ajuda passando pelos nomes nacionais mais comentados, vídeos na internet, conversa com professores, com amigos. Foi definitivamente um divisor de águas. Eles me ajudaram a concentrar a energia positiva em uma unidade dentro de mim e aprofundaram aspectos como: Coragem, Determinação e Serenidade.
Conhecer algo e praticá-lo são coisas completamente distintas, mas totalmente dependentes.
Quando eu acordei e comecei a buscar a efetiva participação e adaptação ao novo estilo de vida, uma vida mais leve, sem tanta pressão e com a certeza de que a felicidade está a nossa disposição, eu realmente nunca mais quis dormir aquele sono triste novamente.
Gostaria de dizer que é um processo simples e natural, mas a verdade é que o caminho é longo e muitas vezes árduo.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Cap. 1 - Sobrevivência

Cap. 1

Sobrevivência. 

Tem uma fase da vida que a gente se sente fraco. Neste momento todas as palavras duras dilaceram nossos corações, choramos com frequência e muitas vezes por bobagem. É um momento muito louco. Sentimos que não somos donos de nada, nem de nós. Nossa opinião não vale de nada, nem nós. Nosso afeto é carregado demais, ninguém suporta. É quase um estado de sonambulismo aonde você não controla nada, é quase um zumbi, mas não põe medo em nenhum ser vivo.
Nessa fase da vida não há amor que nos carregue, não há abraço que nos console e nem lágrimas que possam expressar todo o mar que nos afoga. É uma morte. Não como a morte pelo fogo, onde há energia queimando, euforia, gritaria. É a morte pela água, angustia, silêncio, impotência, um debater de braços sem sentido.
O pouco que sei  dessa fase é que ela tem um fim no sentido de término e outro no sentido de propósito. Infelizmente, a única coisa que me lembro é que acabou quando a pior das dores me sufocou, quando realmente nossas forças parecem que irão finalmente sucumbir, enfim um respiro, um emergir das profundezas mais escuras e de lá saímos sabendo que jamais voltaremos a ser como antes. Não existe mal em sermos diferentes, mas não deixamos para trás apenas os sentimentos ruins, uma parte boa da gente também se vai, uma parte incompreensível, boa demais para sobreviver neste mundo. Esse renascer, esse trocar de pele não vem de graça, essa nova força tem um preço muito alto pelas vantagens que nos oferece.
Agora, finalmente nos sentimos preparados e protegidos. Nossos olhos que antes procuravam cabisbaixos por aprovação, agora enaltecidos por uma vibração quase mágica refletem nosso brilho. O corpo mais ereto. A língua mais afiada. O punho cada fez mais cerrado e no mais avançado estágio a ambiguidade da mente.
É uma dolorosa transição, não sabemos se ainda somos nós.
Quase nada do que era antes ainda vive neste corpo, nesta mente. É um tanto monstruoso.
A natureza como sempre nos dá a resposta. Observe quantos animais utilizam de mecanismos de defesa assustadores, mas nenhum deles gasta atoa essa energia, são sempre incentivados pelo ataque do seu predador. Os ataques da vida são capazes de despertar em nós o mais feroz dos instintos.
Mas onde encontrar o equilíbrio da alma?
Como sustentar uma vida que não seja tão doce ao ponto de enjoar, mas que também não seja tão amarga ao ponto de ninguém nos suportar?
É possível controlar nossos instintos agressivos somente para os momentos de sobrevivência?
Posso te garantir que sim.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Amizade

Não é a primeira vez que eu cito que a base de qualquer amizade é a admiração. Repito porque vejo muita gente confundir simpatia com amizade, conselhos com amizade, entre diversos outros componentes que apesar de fazer parte do total, sozinhos não se sustentam.
Mas o que é admirar?
Eu admiro a reciprocidade, doação, entrega, vitalidade, força, energia e sinergia, espiritualidade, intelectualidade, humildade, independência (Não confunda com egoísmo) entre diversas outras características que muitos de nós temos naturalmente e outras que vamos buscando em nosso processo evolutivo.

Muitas vezes o papel de um amigo é tentar mostrar ao outro aquilo que ele sozinho não consegue perceber. Mas muitas das vezes nós nos deparamos com pessoas que não entendem o quanto faltam para que se tornem admiráveis ao olhos daqueles julgam amar e ser amigo, então deixo aqui algumas dicas de como separar (não sei é essa exatamente a palavra que devo usar) uma pessoa amiga de uma pessoa que não é:
Uma pessoa amiga te ouve e tenta entender, a outra apenas segue o roteiro automaticamente.
Um amigo se interessa por você, a outra se interessa por aquele momento favorável, sem desconforto.
Um amigo te conta alegrias e tristezas e quase nunca te cobra, porque é tão natural que as pessoas que se tornam amigas se identificam quase que numa simbiose, a outra nunca está satisfeita com a sua expressão, sempre sente falta de algo que provavelmente nunca terá.
Um amigo dificilmente ira te constranger, porque ele te conhece e sabe até onde você pode ir, a outra pensa muito em si, cega para qualquer dor alheia.
Um amigo expõe seus problemas, mas jamais diminui a dor do outro em detrimento da sua.
Um amigo exerce o perdão diariamente.
Um amigo...
Um amigo coisa tão rara de se achar, mas ainda de se ser.
Eu estou satisfeito com as relações que tenho, mas elas não são imutáveis. Uma pessoa que busca evolução constante jamais se prenderia a este tipo de armadilha que são os contratos sentimentais. Mas eu não guardo rancor do que é passageiro, mas faço questão que cada um saiba o seu lugar nesse vagão, no meu vagão.
Meus amigos me enxergam além de suas vaidades individuais.
Meus amigos choram no meu ombro, mas pode ser de rir, não só de tristeza.
Meus amigos sabem das minhas inconsistências e vacilos, mas resolveram viajar assim mesmo.
Nos momentos de grana a gente se esbalda e nos dias sem a gente faz piada.
Eu admiro muito vocês por cada defeito, por cada momento e só tenho a agradecer por estarmos juntos.
Agradeço também aos colegas que nunca deixaram de acrescentar, mesmo uma situação dolorosa, seja breve ou longa, acrescenta ao nosso desenvolvimento. Os colegas são sementes que germinaram, mas jamais floresceram como gostaríamos. Mesmo assim eu não retiro ninguém da minha história, mesmo se pudesse, não o faria.
Eu sei que muitas vezes a compatibilidade não foi a esperada. Tiveram pessoas das quais eu queria ser amigo e nunca fui, outras me quiseram no seu ambiente e eu nunca me senti a vontade. Hoje mais do que nunca eu sei que não é uma simples escolha, e sim uma complexa entrega e se não foi é porque não era para ser. Se foi, só tenho a agradecer.

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