sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Fome

Por que as pessoas não querem mais?
Por que não querem mais sorrisos, mais lágrimas, mais intensidade?
Por que o meu amor te sufoca?
Por que você não me tira do limbo da incerteza sobre o teu amor?
Nem o meu carinho, nem a minha dedicação são especiais para você? Você dispensa?
Por que você dispensa minha ausência e ignora minha presença?
Não bastaram as estrelas que te dei? Não foi suficiente tudo o que te ensinei?
Suas poucas palavras deveriam bastar, sua mão estendida deveria alimentar, mas na tua fronteira me sinto a sangrar e gota por gota sinto que alguma coisa aqui dentro vai morrendo e de repente aonde era uma subida, me sinto descendo.
Uma palavra que faltou aqui e ali, um abraço frouxo, um olhar de pena e de cansaço de que quem não sabe mais o que fazer.
Eu queria muito mais desse amor. Eu queria mais viagens, mais embates, mais entrega, mais ar, mais terra.
O que eu faço agora com essa vaidade e com essa frustração?
Desde que cortaram minhas asas nunca mais tirei os pés do chão.
Por que você não quis voar comigo? Por que não me deu proteção?
O que temos a aprender com um amor contido, isolado, nunca usado em sua totalidade?
Arranque desse peito apunhalado o que resta dessa solidão, empurra mais fundo para acabar de vez com essa ilusão.
Pra onde você vai agora sabendo que tua fonte é a falta?
Quem vai estar lá contigo na hora da decepção?
Quando o meu nada estiver aqui, presente nessa mesma sala, eu espero que você não sinta minha falta, espero que você faça valer tudo o que fez perder, porque isso me traria a paz que o teu amor nunca foi capaz de oferecer.


Foto: Erica Cruz
Miami - EUA

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