quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

No escuro

Se amava tanto ao ponto de não aceitar a rejeição.
E foi essa mesma rejeição que impulsionou-a a viver como escória quando necessário fosse para prosseguir em seu objetivo involuntário de alimentar o próprio ego.
Suas lágrimas eram verdadeiras não há duvida alguma e suas angustias eram tão profundas que já se tornara parte de sua personalidade.
Vivia em função do amor que dissera sentir por um outro alguém, amava tanto ao ponto de renegar sua própria vida, história e família.
Amou tanto que esqueceu do alimento que seu corpo implorava para sobreviver, sobreviver para viver esse amor.
Passou dias dormindo porque em seus sonhos tudo era tão real e em seus sonhos todo amor era possível.
Não foi à praia, nem ao campo, nem a lugar nenhum desde que ficou doente do coração. Perdeu os sentidos. Já não via e nem ouvia.
Ainda bem que não pensou nisso, mas poderia morrer por esse amor se fosse preciso, mas não precisava, pois já estava a margem de uma vida.

Seu sorriso não saía do canto da boca, não se espalhava como antes, era superficial, era um aceno de mão ou uma forma de demonstrar que ali debaixo daquele entulho, o coração ainda respirava. Mal sabia que já não era mais amor e nem desconfiava que aquilo que sentia nem passava perto de um sentimento tão bom como este que supunha. Basta! Disse uma vez e outra e talvez uma centena, mas era um ímã. Vou embora e nunca mais volto! Afirmou, mas nem a própria acreditou em si. Seria uma pobre alma se tivesse uma, porém o que restara foi apenas um corpo atraído por outro corpo que não podia mais ser seu.
E viveu assim durante tanto tempo, no escuro, que perdeu as contas do tempo que perdera achando que sentia algo que hoje já não faz o menor sentido.



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