Ser mutável é uma arte.
Ora estar feliz, ora estar triste, e no instante seguinte
sentir apenas fome, assim mesmo, nessa mesma velocidade desorganizada em que as palavras
tomam forma nesse texto, as coisas simplesmente mudam de lugar.
É uma chuva de verão que nos pega de calças arriadas e sem
guarda-chuva.
Não é nenhum pecado e nem bipolaridade. É apenas a certeza
pra quem tem a liberdade de criar escolhas, saber que se pode mudar de cor
favorita, de prato predileto e de filosofia de vida.
Não acuse quem muda de ideia, é que são muitas as ideias que
surgem em minha cabeça e muitos sentimentos que se apoderam do meu coração.
Deus me livre viver na mesmice do esperado. Eu gosto mesmo é
de reviravoltas, de mudanças repentinas, de surpresas. É dessa turbulência que minha
alma se alimenta. Gosto do sabor daquilo que não foi pensado, nem desejado,
muito menos planejado.
Mas vivemos numa sociedade que mantem um código que diz que
ser mutável é sinônimo de ser volúvel, e que expressa falta de
personalidade e caráter.
Mas quem foi que disse que a vida é cheia desses contratos,
regras e linhas a serem seguidas?
Eu sou do andar ao contrário, da maré revoltada, da inquietação. Ando em curvas, na chuva, na ponta dos pés. Um EU vai pra frente e outro olha para trás, Um EU segue sem rumo e outro corre atrás. Eles nunca se encontram.
Eu sou do andar ao contrário, da maré revoltada, da inquietação. Ando em curvas, na chuva, na ponta dos pés. Um EU vai pra frente e outro olha para trás, Um EU segue sem rumo e outro corre atrás. Eles nunca se encontram.
E eu pulo e berro, choro, desisto, dramatizo, jogo tudo para
o alto e balanço outra vez, no momento seguinte, me acalmo, repenso, reflito,
descanso, sem choro e sem grito, sem conflito e tento outra vez.
Não cabem muitos na minha jangada. É um lugar enjoado de se
viver, mas daqui a paisagem me permitiu aprender a olhar pra todos os lados e
encontrar sentido onde ninguém mais procurou. Faço poucas e breves paradas na
viagem para encontrar o fôlego que preciso pra seguir. E lá vou eu
remando mais uma vez na minha mutabilidade, Ora a maré está cheia, ora baixa,
mas eu sigo remando sem deixar minha jangada virar.