Peguei cinco minutos do meu tempo e refleti:
Eu fico pasmo comigo mesmo. Essa minha religião própria que cultua o pensamento individual como um
todo, a vida numa singularidade sem ser egoísta. Uma divisão de um “ser”
inteiro em tudo que ele é, acha que é, e pode ser.
Esse é o charme, essa instabilidade interior, essa mutação
constante, essa sede de viver e aprender. Essa busca por conhecer a mim mesmo
como ninguém jamais compreenderá. Eu nunca me acostumo, Nunca paro, Nunca
rejeito um novo desafio.
Quando eu era um menino pequeno e bobo todo mundo pedia pra
eu ser forte, parar de chorar tanto, tomar atitude, falar o que pensa, mas quando eu cresci, muito mal conseguia deter a
força interior, muitas vezes agressiva e rude. Sempre na busca de alcançar o
que o mundo esperava de mim. Nessa balança desengonçada eu fui me acertando,
lapidando os dados que recebia. E agora acabo de descobrir um pouco mais sobre
mim. Não desse cara de óculos, básico e diplomático que você acha que conhece
porque te disse algumas frases de efeito no momento em que era necessário. Eu
tô falando do cara por trás dos óculos, segredos e desejos. Aquele peregrino
interior que sabe esconder suas pegadas, seus sentimentos, suas fraquezas,
aquele que se protege de si mesmo. Aquele cara que te surpreendeu a derramar
algumas lágrimas, mas que sempre chora sozinho.
Poucos sabem do treinamento de guerra que recebi e me sinto
forte por ter ultrapassado todos os obstáculos e chegar aqui capaz de conseguir
escrever mais de vinte linhas sobre mim, pois acredite, para maioria das
pessoas é mais difícil do que parece.
A vida não nos permite bater de porta-em-porta explicando
nossas mazelas e dores. São os nossos olhos que tratam de contar a nossa história,
porém existem poucos nesse mundo capazes de fazer uma boa leitura. Então, ao
invés de esperar pelo outro, eu resolvi ler a mim mesmo. Há tanta comédia,
tanto drama, tanto suspense, e um pouco de pornografia se permite dizer. Nesse jogo
experiente a gente só aprende com o tempo mesmo, a cada passo, a cada tombo, a
gente vai se levantando, mais dolorido, mais machucado, porém mais forte e
resistente. Os obstáculos tornam-se menores diante do gigante que a vida nos
tornou. E então a grata surpresa de saber que somos felizes com a vida que
temos. Mesmo com todos os erros e desilusões ficamos orgulhosos de nossa
caminhada. Eu progredi, passei pra próxima etapa. Fiz o que tinha que ser feito
e agora posso me sentir em paz.