quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A porta

Todo mundo tem o direito de ir embora, de deixar para trás aquilo que não o convém, mas nós pedimos, por favor, feche a porta devagar, com aquela mesma educação e leveza com a qual entrou.

Não chute a porta como se nunca mais fosse voltar, como se aquele tempo que passamos lá dentro não fosse importante para sermos o que somos agora.

Não venha com esse papo de não olhar para trás, para não virar estátua de sal. É preciso estar atento ao passado, ali estão lágrimas enxugadas, sorrisos estrelados e muitos momentos que construíram um novo “Nós” e que deveriam ser respeitados.

Não jogue essa chave fora, mas pode ir embora, somos livres, embora muitos prefiram viver aprisionados a um destino solitário.

No momento em que a gente conhece alguém, a gente até demora, mas dia ou menos dia a gente se entrega e se desarma e faz do nosso coração uma casinha pra esse novo ser entrar, E respeita a bagunça que nos faz, os pés no sofá, a roupa molhada pendurada no banheiro, o copo sujo na pia, a gente aceita até sua partida, mas não bata a porta na nossa cara.  


Um dia lá no futuro, quem pode saber? O passado pode fazer uma falta tão grande que tudo o que mais vai querer é um dia poder entrar novamente e talvez não exista mais uma maçaneta, uma fechadura, apenas uma corrente entrelaçada, e você estará sem chaves e sem esperança.

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