O fim não chegou no dia que eu disse fim, na verdade ele
veio bem depois. Mas quando chegou foi do corpo inteiro, presente e sem
deixar nenhuma dúvida de que estava no recinto.
O dia que eu disse fim, as lágrimas rolaram tenebrosamente,
agarrei-me ao que pude, achei que já era o fim, no entanto no dia em que ele se
apresentou verdadeiramente a mim, uma única lágrima tortuosa escorreu por
dentro, senti percorrer por toda minha alma e ao mesmo tempo que queimava uma
sensação de limpeza surgia.
É certo que os fins assim como os começos são passageiros e
precisamos aceitá-los como parte de nossa experiência, esse ciclo que hora nos
banha, hora nos afoga, sempre nos amadurece.
A hora da morte não foi o fim, se alguém ainda lembrava do
morto com carinho, então de alguma forma ainda não era o seu fim, era um
estágio, mas o circuito não estava completo, podia ser que estivesse à beira do
fim, mas permanecia vivo de alguma maneira.
Quando nos despedimos de uma relação, sabemos que um pouco
ou muito daquilo que foi vivido ainda pesará no coração por um bom tempo, um ou
outro acabará por carregar uma bagagem mais pesada e por mais tempo, até o dia
em que sinceramente for o fim.
Assim seguimos vivendo de final em final sempre esperando um
novo começo, tão transitório quanto o fim, mas sem nos deixar tão mal.
Enfim, aqui me despeço, deixando cada um pensar no significado do seus próprios fins, meios e começos, um grande abraço e ponto final.