quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Lua Cheia, 1992.

Ela debruçou sobre meus ombros e chorou por um longo período, eu quis mantê-la ali protegida comigo, não desejei nem por um segundo conter suas lágrimas, eu nunca fui bom nisso.

Nós não dissemos nada por alguns segundos, apenas nos olhamos profundamente e com os olhos tivemos uma longa conversa cheia de reflexões e conclusões. Eu tive medo, todo o tempo esse medo me assombrava e fazia eu me sentir tão mal quanto podia. 

Eu percebi que ela não me culpava, não me encostava na parede pedindo esclarecimentos, apenas me beijava misturando sua tristeza, sua paixão à sua loucura. Levantou-se num pulo que me assustou e caminhou com passos largos no estreito quarto de um canto ao outro, abaixei minha cabeça e sustentei com as mãos, quando subi meus olhos novamente, ela estava nua na porta do meu quarto, me olhando com aquele jeitinho meigo e quase inocente, seus lábios sussurravam um "Eu te amo" que me contagiava por inteiro, lentamente. 

Eu a puxei para perto de mim e segurei em seus cabelos compridos e finos e as dúvidas se dissiparam. Ela estava no controle de tudo e sabia mais do que eu imaginava. Não tinha o que temer, ela havia superado e eu precisava superar também.

Mesmo que um dia tudo mude e se volte contra nós, eu quero ter a certeza de que todo o nosso tempo existiu e que em algum momento o amor nos dominou de tal maneira que tornou possível vermos além de nossos sentimentos egoístas e enxergarmos um ao outro.


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