terça-feira, 4 de novembro de 2014

Desplugado


Bastaria um dia em que o telefone não tocasse. 
Nenhum telefone tocasse.
Apenas um dia sem fios a fio.
Um dia sem sentir a radiação corroendo meus tímpanos.
Sem ser invadido pela imagem de um e-mail ou de uma televisão.
O dia em que internet não seria uma necessidade básica.
Um dia pra ouvir “eu te amo” no pé do ouvido, pra sentir aquele abraço apertado.
O dia em que sua imagem vai estar refletida apenas em meus olhos.
Saborear e não fotografar.
Bastaria um dia de paz, sem toda essa correria, sem a ânsia de expor meus  desejos e pensamentos, sem todo esse lixo visual.  
Sem toda essa informação. 
Um dia de entrega total.
Um dia imerso dentro de mim sem a interferência do mundo externo.
Um dia em que o único barulho a ser apreciado será o do vento nas folhas e das batidas do coração.
Um dia em que eu não vou ter que esperar por nada acontecer.
Ali sentado, apreciando a paisagem sem o pânico de imaginar o celular descarregado.

Totalmente “off-line”, “outside”, “unplugged”.


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