domingo, 10 de setembro de 2023

Imago

 Ele estava sentindo muita dor.

 Ele estava se sentindo só e era de dar dó ver aqueles olhos brilhantes tão marejados.

 Passos para lugar nenhum. Um voo sem destino. Uma trilha sem caminho. De repente tudo escureceu.

 Acordou mais um dia e o sol não estava lá. Percebeu muito tempo depois que não estava a respirar.

 A boca falava, mas a verdade não saia, e ele fingia quase o tempo todo que tudo estava bem.

E mesmo sem energia, corria. De braçadas no nada, sentia, que mesmo na agonia precisava continuar.

Ele só sobreviveu porque aquilo que comeu em sua fase larval foi fundamental.

Na crisalida da sua noite interior se alimentou do amor que em outrora cultivou.

Secando suas asas, que durante o inverno ficaram obsoletas, finalmente respirou e voltou a ser o que sempre fora, borboleta. 

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