segunda-feira, 25 de junho de 2012

Proibido

Caminhei sorrateiramente, um passo de cada vez, até ficar próximo o suficiente para ver, mas também mantive uma distância significativa para não ser visto.

Era proibido e isso aguçava minha vontade, sempre tive queda pelas tentações. Bastava dizer que não podia e eu me sentia arrastado até o cume da insanidade, onde já estando, não se podia voltar. Era minha sina embolar-me com o inverso e fazer as escolhas erradas, fossem no amor, no trabalho ou em coisas simples como escolher uma roupa ou sair de casa. E vi minha vida rabiscando-se nessa volúpia.
Sempre carreguei comigo que de certa maneira a vida é um erro que estou disposto a encarar. Os acertos nos dão um prazer rápido e absoluto, mas é no erro que encontramos a longevidade e intensidade de cada sentimento. Fala-se muito de arriscar, tentar, lutar, eu digo; viva e deixe viver. Por que teimamos em dar nomes e números as coisas se a única coisa que elas precisam é de sentido?!

Continuei a caminhar devagarinho, levantei a ponta dos pés e ergui a cabeça, olhei por cima, não era nada demais, era só minha curiosidade...


sexta-feira, 15 de junho de 2012

Romântico


Deu-me esta noite a vontade de ser romântico, de falar bobeiras e rasgar a seda que cobre meus sentimentos nobres. Deu-me na telha, assim do nada, mesmo sem amar, apenas pela lembrança de já ter amado algum dia nesta vida de faltas e sobras, onde falta-me tudo que não tenho e neste momento não tenho ninguém a quem possa chamar por minha ou meu. Sobra de mim a certeza do que sinto impressa no decorrer de cada palavra dita e pintada, por que é de cores que ele, o amor, é feito e se desfaz. Feito de preto, de branco e rosa, muitas rosas, mas é também de azul-celeste e lilás, uma gama de cores que escorre lentamente na veia dos apaixonados transformando cada momento numa paisagem viva e passageira. Inconstante e intrigante, é pedra e diamante, feito de chuva e calor, da mistura e do sabor, sim é contraditório nosso amor. E como não fazer rima se o amor vem em pares, em pegadas solares onde não há mais nada além de luz e imaginação, reflexo, prisão.
De todos os instantes o que não me foge nunca da memória é daquele súbito momento em que te amei.
De todos os amores, nem do primeiro e nem do penúltimo sinto tanta saudades, falta mesmo eu sinto de quem não chegou, de quem não me trouxe ainda todas aquelas sensações de puro delírio e cegueira.
Tira-me tudo que tenho, minhas posses e meus bens, só quero minhas lembranças; as tardes a enamorar, o mergulho de mãos dadas, o sol na cara, o beijo enlouquecedor, nossas peles coladas e a foto. Deixa também o vidro quebrado, o copo no chão, o nó na garganta, o aperto no peito, o frio na barriga e o desespero ao ver despedidas. Leva-me e deixa-me, não quero ser pra sempre teu, quero apenas ser romântico e amar-te um instante.

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