Não é nada demais.
Não é nada que ninguém já não tenha passado.
Não é nada que me faça mais especial do que qualquer outro.
É algo meu e ninguém pode entender.
Talvez se você tivesse trilhado os meus caminhos.
Se tivesse sido ferido com os mesmos espinhos, aí talvez você
pudesse entender que não é coração partido, nem uma dor que um médico possa
curar.
Suponho que não seja nem uma dor.
Não estou falando só sobre o passado, nem tampouco do
futuro, não é consciência de felicidade, nem tampouco sobre tristeza.
É algo no vácuo. Algo que não tem nome. Algo que me incomoda, que toma conta de tudo, mas
que não sei de onde vem.
É sentimento, eu suponho. Porque eu sinto. Porque eu
ressinto que seja.
Vá tentar descobrir o que há na cabeça de uma pessoa cuja
essas palavras possam invadir.
Alguém capaz de tentar desenhar uma sensação.
Personificação.
E eu transbordo:
Dói, mas não me deixa chorar, e passa, mas não me deixa
passar.
É um barulho silencioso.
E eu vivo disfarçando gotas que despencam do meu olhar e
talvez não saibam se jogar.
É minha sina e minha cela, é minha reza, porque é quando
tudo muda que mudar faz parte de mim.
Então caminho ao relento como uma palavra escrita numa carta
qualquer, solta na frase e sem nenhuma regência.
Vivendo como uma pequena pedra no rio que não sabe seu
sentido. A pedra ou o rio?
Como uma única nuvem tempestuosa em meio ao céu azul que
fica flutuando e se espalhando, mas como se quisesse apenas se condensar.
Desculpe a minha confusão. É que eu escrevo pra mim, pra
dentro, o que penso e o que eu sinto moram no limbo só meu, que é imperfeito e
inventado.
Um lugar para pensar sobre tudo aquilo que não se pode
falar; um lugar estranho, um lugar escuro, em que eu misturo tudo que eu não
consigo entender.
Mais um clássico. Ficou lindo! Parabéns...
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