segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Tempo, A Chuva e Nós.

Lembro da galera sentada na esquina de casa, uns jogados nuns bancos de madeira enquanto outros sentados no chão mesmo, alguns de pé e todos sorrindo. A lua iluminava nossas divertidas noites, uns com 13, outros com 15, alguns com 16 e 17 e todos crianças. A gente jurava amizade eterna e confidenciava um ao outro seus   planos mais íntimos, uns queriam casar, outros almejavam ser advogados ou médicos, alguns queriam morar em outro país, todos queriam ser felizes. Tínhamos tantas coisas em comum, mas principalmente a pureza de não guardar rancor, de esquecer rápido dos desentendimentos, não levávamos conosco as coisas muito a sério a não ser a vontade de nos mantermos sempre unidos. Tínhamos ali a certeza de que aqueles amores seriam pra sempre e sim nos tínhamos dentro de nós muitíssimas preocupações: notas baixas, amores não correspondidos, ciúme dos melhores amigos, bronca da mãe, do pai, do tio, do irmão mais velho e ainda por cima ter que cuidar de um(a) irmão(ã) chato(a). A gente morria por dentro com problemas que imaginávamos impossíveis de resolver. Cada mudança no nosso corpo, cada ano que se passava e a turma que mudava e a série que aumentava. 
Os planos mudaram e alguns amigos se foram e de repente eu acordei aqui no meu quarto com a metade do fui e com o dobro do que eu esperava. A saudade dói no peito, na alma e a gente fica teimosamente relembrando o que já nos fez tão bem. Não sei se seria bom voltar, afinal de contas, eu não me encaixo mais onde era perfeitamente desenhado.
As vezes parece que o tempo faz questão de esfregar na nossa cara como fomos burros de perdê-lo tanto. Queria ser como a chuva que não se importa de cair, mesmo sabendo que tantas vezes não é desejada, mesmo sabendo que ao mesmo tempo que mata a fome e a sede, também pode mesmo sem querer destruir milhares de corações, ela cai, mesmo tendo a certeza de que não vai durar para sempre, mesmo que nunca seja realmente elogiada pela sua grandeza e inspiração.
Temos tanto a aprender com a chuva, com o sol, com o vento, com o tempo, com a natureza e sua totalidade.
Deus deixou milhares de pistas pelo caminho, mas estamos cegos, presos a sentimentos fúteis e egoístas, pensando em como o mundo pode ser só nosso. A gente esquece que já foi criança e de como éramos fortes quando nós julgávamos impotentes diante da vida.

3 comentários:

  1. Adorei, muito a ver comigo,, Perfeito!
    Bjão,, Pink!

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  2. me fez recordar muitas coisas. lindo!!!

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  3. Enquanto lia escorreu uma lágrima e a saudade do meu amigo voltou. Aquele que muitos anos atrás fazia parte do meu circulo de amigos mais íntimo, e que agora, por conta do próprio destino, nem sei onde está, só restou a certeza de que aquele cara que conheci amadureceu com a mesma essência gentil. Não sei se foi impressão, mas grande parte do texto se encaixa a mim, e vc era uma das poucas pessoas que sofria comigo.
    Seja muito feliz.
    Um cara uma vez me diz que as melhores lembranças são as lembranças ruins, e esse mesmo cara justificou da forma mais incrível do mundo, tanto que carrego isso como filosofia de vida. Se lembra disso?

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