quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Lua Nova, 2002.


A porta bateu, o muro cedeu, e pelo barulho, com muita raiva, assim como eu. O ponteiro do relógio mal começou a girar e a maquiagem já estava toda borrada de tanto chorar, jogada no chão, senti pena de mim, me arrastei e segurei na maçaneta da porta pela qual você partiu, partiu meu coração, partiu nosso amor, me partiu.

Eu quis morrer, na verdade eu já estava morta e não sabia, porque minha vida sem você era de um vazio imenso, um buraco sombrio no meio da minha alma. Era exagero meu, meu drama, minha ilusão.

Olhei no espelho e não me achava bonita e não me achava. Eu só me perguntava o porquê de tanta dor. Parecia que eu não existia antes do nosso amor. Acho que nem na sua morte física eu sofreria tanto.

Pensei em te ligar, desisti, pensei em mandar um torpedo, desisti, pensei em acabar com tudo e quase desisti de mim mesma, mas me levantei e mesmo de má vontade juntei meus cabelos num desengonçado rabo-de-cavalo e me arrastei até o banheiro, joguei água na cara, joguei mais, quase me afoguei e ri quando pensei nisso, já era alguma coisa rir de mim mesma naquele estado.
Devia ter comido algo, mas eu não sentia nada, só a sua falta me alimentava e me consumia e como doía.
Bati no peito com força, queria expulsar você daqui, mas a tua falta é quase insuportável.

O que eu sinto me transformou completamente e para sempre e agora mesmo que eu queira, mesmo que parecendo inteira, nunca mais serei a mesma.

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