segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Reflexo

 

De todas as coisas que procurei, de todas as portas que bati, de todos os olhares que encarei, nos meus foi onde mais encontrei.

As palavras proferidas, saem como cura e encontram as feridas. Atravessam meus ouvidos e percorrem minha alma como uma célula carregando oxigênio pelo meu corpo. Sabendo da necessidade, da fome e da vontade, elas se espalham como feno no deserto.

Correndo na sombra, atrás da sombra, sem sombra de dúvidas foi o labirinto mais exaustivo que tenho encarado. Completamente nu, eu entrei nessa banheira de águas turvas e vi meu rosto me encarar de volta. Solto e com um paraquedas inconstante sobrevoei contra os ventos da normalidade com a paciência de quem sabe que o voo é bonito, mas quase nunca seguro.

Derrapando descalço, tentando frear aquilo que não pode parar, o tempo.

Um voo violento, uma descida brusca, não planei e nem planejei, de olhos bem abertos descobri que a única maneira de viver é não sucumbir. Mesmo com os pés esfolados pelo momento, pego impulso novamente e continuo a tentar, entre pulos e joelhos arranhados, de salto em salto, me jogo novamente na infinita vontade de me conhecer melhor através dos meus próprios olhos.

No meu próprio reflexo a certeza de que alguma coisa me chama e em chamas alguma coisa se acende.

 

 

 

 

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