De todas as coisas que procurei, de todas as portas que
bati, de todos os olhares que encarei, nos meus foi onde mais encontrei.
As palavras proferidas, saem como cura e encontram as
feridas. Atravessam meus ouvidos e percorrem minha alma como uma célula carregando
oxigênio pelo meu corpo. Sabendo da necessidade, da fome e da vontade, elas se espalham
como feno no deserto.
Correndo na sombra, atrás da sombra, sem sombra de dúvidas foi
o labirinto mais exaustivo que tenho encarado. Completamente nu, eu entrei
nessa banheira de águas turvas e vi meu rosto me encarar de volta. Solto e com um
paraquedas inconstante sobrevoei contra os ventos da normalidade com a paciência
de quem sabe que o voo é bonito, mas quase nunca seguro.
Derrapando descalço, tentando frear aquilo que não pode
parar, o tempo.
Um voo violento, uma descida brusca, não planei e nem
planejei, de olhos bem abertos descobri que a única maneira de viver é não
sucumbir. Mesmo com os pés esfolados pelo momento, pego impulso novamente e
continuo a tentar, entre pulos e joelhos arranhados, de salto em salto, me jogo
novamente na infinita vontade de me conhecer melhor através dos meus próprios olhos.
No meu próprio reflexo a certeza de que alguma coisa me
chama e em chamas alguma coisa se acende.