segunda-feira, 1 de maio de 2023

Incapaz

 Eu queria chorar, mas não por ele, por mim.

Eu choro quando me sinto incapaz. Incapaz de compreender, compreender e aceitar a verdade.

A verdade é que eu sempre chorei muito e com o tempo elas, as lágrimas, foram ficando cada vez mais raras. Foi quando eu percebi que eu tinha deixado para trás o sentimento de incapacidade.

Eu lidei com temporal e refiz minha moradia, eu lidei com a dor e fiz dela a minha alegria. E quando a morte chegou com ela levou toda a minha agonia e uma boa parte do meu medo. O medo de andar só e de sozinho me perder, medo de esquecer os meus sonhos e pesadelos, e foi assim, sem perceber que eu parei, parei de chorar, parei de sonhar e parei de viver. Viver esperando por uma lágrima que não vai rolar, que não vai secar, uma lágrima capaz de afogar toda a minha poesia. A minha poesia que não foi escrita e nem lida, a poesia que foi ferida por uma força e por uma necessidade, necessidade de sobreviver, necessidade de entender que para continuar escrevendo, mesmo sem chorar, eu insistia sofrendo. 

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