segunda-feira, 20 de abril de 2020

Um pouco mais


Primeiro eu comecei a te querer e depois a te querer um pouco mais.
Eu estava sempre lá, sempre procurando o seu olhar.
Um beijo num rosto totalmente invisível, um beijo tremido, sem cor.
Uma mão que soltava leve, envergonhada, uma mão que transpirava.
Para onde quer que eu fuja todos os vidros parecem embaçados e todas as nuvens meio abandonadas, ainda assim, elas seguem na estrada.
De tudo o que eu tinha, muito pouco ou quase nada me restou, mas não me arrependo nem por um instante por ter dado o que eu sou.
O que eu tenho cabe apertado no peito, não é sujeito e nem singular.
Eu não sou vítima desse amor porque escrevi cada linha com minhas palavras e com a minha dor.
O que era vazio antes permanece vazio agora e dessa troca não ficou só a solidão, ficou também o perdão.
E ainda hoje quando te vejo no espelho, me esbarro naquele sorriso, naquele mesmo frio que um dia me aqueceu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens Populares