sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Crônica de uma Noite Insone

Eu me reviro nessa cama fria tentando entender o que se passa no coração.
Me levanto e acendo um cigarro para relaxar, ponho meus cotovelos na janela e me debruço quase como quem quer se jogar, me inclinando cada vez mais, e a paisagem me olha de volta, me vigia, eu sinto como se algo lá fora pudesse ver o que tenho por dentro.
Era uma dor insuportável, uma inquietação que subia do estômago e que eu tentava segurar entre os dentes, enquanto a dor escorria pelos meus olhos derretidamente. Expulsei a fumaça dos meus pulmões, mas o que eu queria mesmo era expulsar essa dor. Sentia frio, mas mantive a janela aberta, apenas me retirei do penhasco covardemente. Mal apaguei um e já acendi outro cigarro.
Sentado na minha cadeira favorita, em frente a escrivaninha, peguei um caderno e ensaiei algumas palavras, mas não virou poema, nem verso, ficou meio sem sentido, e era exatamente isso, só mais um rabisco. Eu costumava me inspirar quando sofria de amor ou tinha alguma perda emocional, mas dessa vez era diferente, não sei explicar como e talvez por isso mesmo não tenha conseguido descrevê-la, talvez um desenho explicasse melhor, mas eu nunca fui um bom desenhista, até minha letra era péssima.
Enchi um copo de vodca e bebi num gole só, nem fiz cara feia. Eu sempre tinha uma garrafa no meu quarto para noites insones como esta que eram constantes em minha vida.
Fiquei ali algumas horas, misturando os pensamentos, e momento ou outro eu me desligava da minha dor e pensava em contas a pagar, nos compromissos da manhã, até soltei um sorriso quando lembrei das piadas sem graça do tio durante o jantar.
Coloquei uma música bem baixa, bem calma, bem triste. Voltei pra cama e fiquei ali parado, olhando ao redor, olhando pra dentro.
Perdi uma noite inteira, estou cheio de olheiras, com sono e não cheguei a conclusão nenhuma.



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